Ao longo da história, surgiram diferentes esportes para todos os gostos em todo o mundo. As regras foram alteradas, os apoiadores aumentaram e surgiu uma indústria poderosa que cresceu sem parar. No entanto, o que está em sua essência e não vai mudar é a capacidade de gerar emoções.
Construíram-se estádios, organizaram-se torneios, globalizaram-se as competições e surgiram adeptos. Nesse aspecto, a força motriz sempre foi o entretenimento, portanto, o divertimento do usuário não pode ser idealizado como disciplina estanque aos costumes sociais. Além disso, na economia digital é essencial que a indústria considere a capacidade de atingir e envolver um público global.
A cultura da participação, potencializada pela tecnologia, surgiu recentemente, atravessou todos os aspectos da nossa vida e está gerando mudanças de paradigma, uma vez que já não são as instituições que oferecem entretenimento com o consentimento dos fãs, mas sim, vemos umaação proativa deles. Com isso, a partir dos dados, cada vez que os admiradores participam, obtemos informações em primeira mão que nos permitem refinar a oferta. Esta linha iminente é o que permite alcançar um compromisso global.
Outro aspecto deste novo paradigma é a referida globalidade. Antes, os torcedores atuavam apenas no âmbito local, o que tornava mais fácil compreendê-los. Agora, há uma conexão global e multigeracional 24 horas por dia, sete dias por semana. Essa afirmação chega a tal ponto que boa parte torcedores desfrutam de experiências desportivas em casa, com o desejo de se conectar a nível global, por meio de multiplataformas.
Nesse sentido, a tecnologia possibilita inúmeras inovações , ea gamificação é uma delas. Neste ano, por exemplo, está em lançamento a primeira plataforma de videojogos, o Barca Games, espaço virtual que possibilitará aos torcedores do FC Barcelona o interagir, ouvir música, participar de torneios, ir à loja, comprar ingressos e acessar conteúdos sob demanda. Nesse âmbito, os usuários somarão pontos e os futuros gamers treinarão nesse espaço digital.
A título de conhecimento, a indústria de videogames já gera mais receitas do que música e cinema juntos. Segundo dados da IDC (International Data Corporation), o lucro desta área aumentou 20% em 2020 em relação a 2019. No ano passado, a NBA, principal liga de basquetebol profissional da América do Norte, apresentou uma novidade que pode ser tendência nos próximos anos. Um aplicativo que utiliza a câmera do celular para escanear todo o corpo do usuário permite que ele seja substituído por qualquer jogador de uma partida real. O resultado é fascinante: você pode se ver com roupas casuais na quadra atirando os três pontos de Stephen Curry ou com a habilidade de LeBron James.
A Inteligência Artificial é a nova virada de jogo, que pode transformar a maneira como os fãs descobrem e interagem com o conteúdo, que pode ser personalizado,, além de ajudar em na segmentação de grupos de fãs – com base em análises em tempo real – e na melhoria da entrega.
Por exemplo, podemos usar IA para alterar o idioma dos comentários, oferecer uma câmera personalizada de diferentes ângulos ou alterar o áudio da própria partida, de acordo com as preferências do usuário.
Ainda sobre a NBA, a liga costuma ser vanguardista no uso da Inteligência Artificial, mas, sobretudo, na compreensão de que novas experiências focadas no torcedor permitem nos conectar com a essência mais profunda do esporte, que são as emoções. A IA, nestes casos, fornece uma abordagem para gerar conteúdo e interagir com bases de fãs globais em constante crescimento, que não só serão mais leais, mas também proporcionarão mais retornos econômicos à entidade esportiva.
Foi registrado também que diversos seguidores não assistem às partidas de forma completa, mas consomem diretamente os resumos ou destaques. Hoje, a IA permite analisar uma transmissão em tempo real e criar compactos de acordo com o gosto pessoal. Ao ligar a televisão faltando cinco minutos para o final do jogo, por exemplo, o torcedor pode ver os destaques até aquele momento no celular, com a opção de escolher entre as partes engraçadas, brigas ou jogadas ofensivas.
tecnologia também permitirá a criação de estádios sem atrito. Essa solução oferece algumas formas de evitar as longas filas do intervalo, como vender produtos com Face ID (sistema de reconhecimento facial) ou afixar um sistema de pagamento no brasão das camisas dos torcedores. Dessa forma, os estádios ficam mais atrativos para os torcedores e, com certeza, não demorarão muito para que um clube ofereça as pulseiras utilizadas na Disney com as informações pessoais de cada usuário.
Outra tendência tem a ver com a monetização do vínculo com os fãs que, se bem-sucedida, gera um círculo virtuoso no qual quanto maior o engajamento dos fãs, mais dados e transações de dinheiro. Foi o que aconteceu com os fan tokens (criptomoedas criadas para fãs de futebol), outra inovação cada vez mais consolidada que hoje representa um mercado de US$ 200 milhões por dia, segundo o Business Insider.
Para que tudo isso aconteça em diferentes geografias, é necessário estabelecer uma premissa de que investir em tecnologia implica um custo acessível e é essencial para atingir os objetivos empresariais para que as instituições esportivas continuem a crescer. Com soluções de Inteligência Artificial, é possível fortalecer desde receitas por meio da proteção da marca, evitando que milhões de dólares sejam desviados devido à venda de produtos piratas, até obter os dados de todos os seus fãs do mundo todo, personalizá-los e atualizá-los para oferecer soluções sob medida.
O avanço exponencial da tecnologia costuma tornar qualquer previsão ínfima, todavia, a tendência indiscutível é a centralidade do espectador. A inovação surge como um avanço, mas também como uma forma de preservar a essência do desporto, afinal, experiências emocionantes estão cada vez mais possíveis pela tecnologia.